RESENHA/ Seriado Justiceiro da Netflix

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“Se vai olhar pra si mesmo, olhar bem no espelho, tem de admitir quem você é. Mas não só pra si mesmo, tem de admitir a todos”- Frank Castle


 

netfontes_arek_is_so_grungey_logou não me recordo quando conheci Frank Castle, muito provavelmente foi em alguma HQ do Homem-aranha já que era uma das poucas que lia quando criança porque financeiramente falando era extremamente difícil me aprofundar no universo Marvel (ou de qualquer outra editora). Apenas consigo afirmar que desde o primeiro contato com o personagem este atraiu minha atenção para nunca mais deixar de tê-lo. Não estou dizendo que sou um profundo conhecedor da linha de tempo (linhas de tempo) deste, no entanto, sabe quando você já é grato pelo pouco contato que teve com determinadas histórias de determinados personagens? Então, é isso.

Acredito que existe um grupo de aficionados por quadrinhos que esperam ansiosos por adaptações cinematográficas desse ou daquele personagem que estão nas suas listas de favoritos, no entanto, também acredito que exista o grupo que não espera por isso, nem cria expectativas nenhuma em relação a alguma adaptação, talvez por pessimismo, talvez por ter uma visão meio “mooreana” em relação a multimídia.  Eu faço parte do segundo grupo. Tem tantas adaptações que não assisti que poderia fazer uma lista imensa. Decepções no passado gera trauma e isso é em relação a tudo na vida. E essa postura não é só com quadrinhos, não, mas também sou assim em relação às adaptações de games, livros, etc. Por exemplo, até o presente momento não assisti o seriado de Deuses Americanos, adaptação da obra, de mesmo nome, do escritor Neil Gaiman, e olha que este está envolvido no projeto.

Enfim, enquanto escrevo essas delongas, Hurt de Johnny Cash, rola no mídia player, e estou divagando.

“Todos os que conheço vão embora no final”.

Apesar de todo meu descaso com adaptações, decidi assistir o novo seriado Marvel da Netflix, Justiceiro, de Steve Lightfoot, escritor e produtor britânico, aclamado pelo filme da NBC, Hannibal. Infelizmente, eu não assisti o seriado Demolidor, então, não vi a aparição de Jon Bernthal, interpretando Frank Castle (só sei que muitos dizem que este roubou a cena). Não ter assistido, a meu ver agora, é uma lástima. Porém, acredito piamente que não tê-lo feito não muda em nada a experiência que tive vendo o seriado. Pra começo de conversa temos que optar por aceitar a forma que este foi caracterizado por Lightfoot, caso contrário, esqueça, não vai rolar. O Justiceiro que temos é um veterano de guerra, que carrega consigo os horrores do campo de batalha, não por que este sofria a perturbação de tirar a vida de alguém, pelo contrário, sua guerra interna era sentir o prazer de empunhar uma arma e agir furtivamente em nome do seu país, no entanto, consciente que punha em segundo plano sua família: esposa e filhos. Há a dor de perdê-los, há a dor de não ter optado por eles. Frank, vestindo sua icônica camiseta estampada com crânio, pôs fim nos envolvidos na morte de sua família, no entanto, não todos,  então o fato de existir sobreviventes, na série, é sua motivação a seguir em frente. Então, sabendo que existem nomes envolvidos que não são apenas do submundo do crime, mas também do governo só piora a situação. Aliás, algo que o leva a conhecer as consequências de uma de suas missões. Ainda temos um ex-soldado de infantaria que opta por eliminar criminosos, mas não temos um homem com essa meta, temos um homem marcado pelo passado e a dor da perda. Esse homem com feridas aberta no peito, de certa forma, extremamente romantizado, é o Frank que temos. Conscientes disso (aceitando isso), podemos considerar essa adaptação quase uma obra prima- mas essa coisa de obra prima é tão, tão subjetiva, não é? Mas exageros a parte, a série me ofereceu bons momentos.

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_Esse maluco manda muito bem

Sendo a série nova não posso discorrer muito, o que posso dizer é que prendeu minha atenção do começo ao fim. Excelente trilha sonora composta por Tyler Bates, conhecido por suas participações em filmes como Guardiões da Galáxia I e II e John Wick; e, poxa, temos também, Tom Waits, Paul Weller e Marilyn Manson, afora o trailer de divulgação com One do Metallica. Outro ponto de destaque é a fotografia do seriado e as cenas de lutas que são muito convincentes. A abordagem narrativa não oferece um Justiceiro violento, marca registrada do personagem nos quadrinhos, entretanto, as cenas que isso ocorre não são nada gratuitas e deixa a trama cada vez mais pesada. É incrível o olhar de psicopata do ator Jon Bernthal, encarnando Frank. O mais fascinante é que o cara dá medo, ao mesmo tempo em que cativa. A gente compreende suas dores, motivações e circunstancias, tonando criveis suas alianças, a trama induz sentido a essa diferença entre o Frank da Netflix e o Frank da HQ.  Para quem não assistiu ainda, garanto que os momentos finais são de tirar o folego e fazem jus ao personagem. Contrariando muitos, não considerei a narrativa arrastada, pelo contrário, considero que teve o time certo, afinal de contas, tem muitos bons personagens que mereceram um pouco de atenção por parte da produção, pelo menos eu fiquei feliz em não ver só porrada, pontapé e armas brancas/fogo, não que seja contra violência em produções áudio visuais (até por que sou fascinado pela franquia game, Mortal kombat, então…), mas é sempre extremamente importante termos personagens com psique elaboradas e que façam sentido na narrativa.

Por causa do seriado em questão comecei a assistir Demolidor e… muito f$*@


TRAILER:


 

JUSTICEIRO: CAMINHO SEM VOLTA [VOLUME 3/ MARVEL/ PANINI COMICS]


justi25c325a7eiro-2bcaminho2bsem2bvolta“ninguém deve ser como eu” Frank Castle


SINOPSE: “Frank Castle e a sargento Rachel Cole-Alves seguem em sua guerra contra o Câmbio, mas precisam resolver assuntos pendentes, agora que o Disco Ômega esta fora da jogada. Com a ajuda do Justiceiro, Alves fica mais perto de sua vingança, mas seus métodos violentos podem colocá-la num caminho sem volta! Os detetives Walter Bolt e Ozzy Clemons seguem pistas que levam à ex-fuzileira, apesar dos esforços da repórter Norah Winters em proteger sua amiga…”- Fonte: Guia dos Quadrinhos.


CAMINHO SEM VOLTA

“A primeira vez é sempre a última chance”

e1ssa afirmação sempre fora motivo de reflexão desde o momento que ouvi Teatro Dos Vampiros da Legião Urbana pela primeira vez. Penso que, quando pensamos em tomar certas decisões, agir de certa forma, precisamos pensar bastante sobre o assunto por que algumas coisas não têm mais volta, é como se construíssemos um muro que não podemos mais destruir, nem escalar, porém, a necessidade de viver, seguindo em frente faz com que tenhamos que, de alguma forma, encontremos um jeito de, pelo menos, dar a volta: imagine, então que o muro seja extenso, muito extenso, quantos quilômetros teríamos que percorrer até chegar ao ponto em que queríamos quando estávamos no centro dele, no ponto inicial?  A consciência quando cumpre seu papel deixa marcas que são cicatrizes eternas na mente, quem sabe até na alma, dependendo da concepção religiosa/ mística de cada indivíduo em questão.

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_Rachel Cole-Alves aprende de forma dolorida que as consequências da emoção são terríveis

 “O monstro real bem próximo para todos nós é o próprio eu, irmão” Difícil Entender/ Kablan e Pachá

Viver, então é torturar-se, aprender a viver com as consequências dos próprios atos, em muitos casos, as consequências do próprio pensamento. Tendo esse insight filosófico, JUSTICEIRO: CAMINHO SEM VOLTA, de autoria de GREG RUCKA, torna-se uma taça de vinho de ótima safra em meio ao lago de sangue do caos que a própria vida é em sua essência.

A história discorre sobre isso: precisamos analisar nossas emoções antes de chegarmos a determinadas conclusões, visto que, o ódio pode nos destruir, nos matar, nos tornar mortos-vivos, não exatamente zumbis, mas refém da humanidade descartada pela satisfação de um desejo de vingança, ou outro principio qualquer.  Sabemos que FRANK CASTLE aprendeu a conviver com isso, mas não por acaso este afirma que: “ninguém deve ser como eu”, sabe que seu psicológico atingiu um nível que o torna destoante da humanidade, mas num “equilíbrio caótico” parte importante do que a dor pode ensinar do inconsciente coletivo.  De forma incompreensível para nós, FRANK sabe quando deve matar, e principalmente não se torturar por isso; se compreendêssemos o ato estaríamos chegando perto de sermos como ele; Lembre-se do que ele disse: ninguém deve sê-lo. A sua frieza tornou-se sua maior característica, e seu senso de justiça, independente do que pensemos sobre, necessário.  Não, realmente não devemos ser como ele por que deve ser muito triste não sentir o próprio coração, e mesmo assim conseguirmos ver a imensidão do seu ser dentro do seu olhar, enquanto a chuva cai e molha seus cabelos, durante uma demonstração do que sobrou de humano dentro de si.

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_ Desde sempre este é um dos meus personagens favoritos da Marvel Comics

CASTLE e a sargento RACHEL COLE-ALVES, buscam dinamitar as intenções do Câmbio, uma organização criminosa que tem dado dor de cabeça para o justiceiro; e matou a família de COLE-ALVES. E é esse vento, a morte de sua família, que a fez desejar vingança, buscar aliança com FRANK, e consequentemente “conhece-lo” melhor.  Descobre que seu senso de justiça ainda está muito longe dos parâmetros do anti-herói, JUSTICEIRO. Não basta apenas carregar uma caveira branca no peito. Consequentemente descobre que certas coisas na vida é um caminho sem volta, é a chance que perdeu não pode ser recuperada.

Enfim, FRANK CASTLE é ao mesmo tempo o amor e o ódio.

Os desenhos são de MARCO CHECCHETTO e MIRKO COLAK. Em especial a arte de COLAK me impressionou, os traços são extremamente detalhados, sabendo dosar muito bem a luz e as sombras, com imenso cuidado nas expressões do badboy da história.

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_A arte nessa passagem me impressinou

JOGO PERFEITO

JOGO PERFEITO é escrito por CHARLIE HUSTON e desenhado por SHAWN MARTINBROUGH.

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Na primeira cena um homem, aparentemente, de uns 40 e poucos anos de idade, dá inicio ao seu relato sobre alguém especializado em atingir o seu alvo, seja com um dardo envenenado seja com um rifle a três quilômetros de distância do alvo. Essa especialização faz com que todos os trabalhos já feitos tornem outros iguais chatos, sem graça, tornando- os seus dias enfadonhos, esperando algo diferente, algo que desperte em si o desejo da caça, faça- o sentir o prazer da expectativa.  Nossa surpresa é quando o especialista aceita a missão de dar cabo da vida de um ex-jogador de beisebol que não pagou uma divida e tornou-se alvo de vingança. Porém, o especialista, o famoso MERCENÁRIO da Marvel Comics, elabora um plano a altura do talento do jogador: decidiu mata-lo, participando da competição, com um lance mortifico, usando, ironicamente, uma bola de beisebol, mas para tal intento, passa o ano inteiro treinando, fortalecendo os músculos de forma adequada ao jogo, compreendendo as técnicas necessárias para tornar-se um expert.

Não conto o final, claro que não, mas garanto que faz jus ao personagem.

JUSTICEIRO- CAMINHO SEM VOLTA contêm 180 páginas, com capa cartonada, e reúne as edições 11 a 16 de THE PUNISHER e as duas partes da minissérie BULLSEYE: PERFECT GAME. Publicação da editora PANINI COMICS, em: março de 2014. Contem também uma introdução dos eventos que culminaram na história CAMINHO SEM VOLTA.


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