PEARL JAM [Breve Histórico]- DO EVOLUTION [Análise]

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Eu não preciso de drogas para fazer a minha vida trágica.”Eddie Vedder

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     Vocês conhecem a banda PEARL JAM?

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Senão, o que posso dizer é que devem conhecer, mas DUVIDO que nunca tenha ouvido falar, pois a banda já existe a mais de duas décadas, já emplacou vários sucessos nas ondas de rádio e é considerada uns dos expoentes do GRUNGE.

PEARL JAM, banda Norte-Americana de Rock Alternativo, tem origem em SEATTLE [Washington] no ano de 1990, sendo formada pelos músicos: EDDIE VEDDER [vocais, guitarra rítmica], JEFF AMENT [baixo], STONE GOSSARD [guitarra rítmica] e MIKE MCCREADY [guitarra solo], tendo nesses anos todos passado por algumas mudanças na bateria, a qual atualmente está nas mãos de MATT CAMERON que também é membro da banda SOUNDGARDEN.

TEM é o primeiro álbum da banda produzido nos anos 90 em pleno movimento Grunge, praticamente todas as faixas fizeram parte das programações de rádios e vídeos clips que emplacaram na MTV. As letras do álbum tratam de assuntos “Dark” como, por exemplo, depressão, suicídio… E o mal do século: a solidão.

A faixa JEREMY é inspirada num acontecimento real no qual um estudante de ensino médio atirou em si mesmo na frente dos colegas de classe, enquanto BLACK é sobre um homem sofrendo por amor, sentindo saudade da mulher que amou e se foi- uma verdadeira “pintura” Ultrarromântica.

Apesar desse fato, inicialmente, muitos torceram nariz para a banda e a acusaram de ser um grupo meramente com propósitos comerciais, algo que se mostrou infundado pelo fato da banda, em todos os seus anos de carreira, ter mostrando que realmente busca fazer o melhor som possível para a sua proposta musical e já terem lançado vários álbuns de sucesso, porém, sem se entregarem a algumas práticas comerciais da indústria musical, como por exemplo, dedicar rios de dinheiro em vídeos clips. Tal atitude sempre foi como um “boicote” contra a própria banda, no entanto, a visão de VEDDER sobre o assunto demonstra o quanto se importa com o lirismo e importância da subjetividade musical. Ele afirma que a partir do momento que alguém ouve a música aliada às imagens [storyboard] do vídeo clip, este perde a oportunidade deixar a imaginação fluir e construir sua própria narrativa imagética conciliada com suas próprias experiências [e reflexões] de vida.


A banda abriu um processo contra a empresa TICKMASTER, no qual a empresa precisava reduzir os lucros, assim os fãs pudessem ser beneficiados. Isso porque descobriram que a empresa cobrava uma taxa além do preço do ingresso, taxa conhecida como “taxa de conveniência”, ou simplesmente “taxa de serviço“, algo que VEDDER e Cia consideram injusto, até mesmo porque grande parte dos seus fãs são jovens e muitos ainda sem emprego e que se dedicam ao estudo; Assumiu posição favorável ao aborto; e ativismo político no ano de 2004 contra a reeleição de GEORGE W. BUSH Durante um show em DENVER, EUA, VEDDER usou uma máscara de BUSH, expressou o que pensava do governo, em seguida deixou a máscara espetada no pedestal do microfone.


VEDDER compôs grande parte da trilha sonora do filme INTO THE WILD [No Brasil, NA NATUREZA SELVAGEM], convidado pelo amigo SEAN PENN, diretor do filme.


 

No ano de 2002, durante a turnê do álbum, BINAURAL, no FESTIVAL DE ROSKILDE [realizado naDinamarca], nove fãs foram pisoteados e sufocados até a morte na plateia. O acontecimento fatídico marcou profundamente os membros da banda que se sentindo culpados, pensaram em abandonar a carreira, no entanto, continuaram a trilhar o caminho da música, lutando pelo o que acreditam. Estão até hoje na ativa, tendo vindos várias vezes para o Brasil se apresentar.

Discografiano site Vagalume

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Não Ficaram pelo caminho


Durante a recente apresentação da banda em território Brasileiro, acontecido no MINEIRÃO de BELO HORIZONTE no dia 20 de Novembro, VEDDER, expressou sua revolta contra o descaso do governo em relação ao próprio país, descaso que casou o rompimento da barragem da Mineradora Samarco, em MARIANA, que deixou muitas vitimas e casou imenso prejuízo ao meio-ambiente. Em nosso idioma proferiu o seguinte: “É duro quando grandes empresas usam e abusam de terras apenas para lucrar sem nenhum respeito pelo meio ambiente. Acidentes tiram vidas, destroem rios e, ainda assim, eles conseguem lucrar. Esperamos que eles sejam punidos, duramente punidos e cada vez mais punidos para que nunca esqueçam o triste desastre causado por eles.” E também disse que a banda doará parte do cachê para às vitimas do desastre.


Com base nesse acontecimento, a canção DO THE EVOLUTION é importante de ser lembrada, por isso, deixo minha interpretação da letra [e vídeo clip] da música que faz parte do álbum, YIELD, produzido no ano de 1998. A faixa em questão é a sétima de YIELD. Umas das músicas da banda que mais gosto e sinto prazer em ouvir.

A letra é autoria do Vocalista EDDIE VEDDER e a música ficou a cargo do guitarrista STONE GOSSARD, enquanto a animação do vídeo clip foi co-dirígido por KEVIN ALTIERI [diretor da animação BATMAN: THE ANIMATED SERIES] e TODD MCFARLANE [autor do personagem SPAWN e fez os desenhos para o clip da música FREAK ON A LEASH da banda KORN]; a produção ficou a cargo de JOE PEARSON presidente da EPOCH INK ANIMATION e TERRY FITZGERALD [TME]. Foram 16 semanas para o término da animação, tendo um resultado espetacular, merecendo o premio de BEST MUSIC VIDEO, SHORT FORM no GRAMMY AWARDS de 1999.

CHEGO A CONSIDERAR QUE A MÚSICA E O CLIP SÃO UMA UNIÃO PERFEITA EM TERMOS LÍRICOS E CRÍTICOS.

 CLIP DE DO THE EVOLUTION:

Palavras de EDDIE VEDDER sobre do que se trata DO THE EVOLUTION:

“Como as pessoas estão possuídas pela tecnologia, se achando donas do mundo e controlando tudo o que nele vive”.

E diz que a canção, como as outras faixas do álbum, foram inscritas sobre influencia da obra ISMAEL um romance do escritor DANIEL QUINN.

Eu gosto do clip por ser um daqueles no qual as imagens são realmente derivadas da música, ou seja, cada cena tem haver realmente com que a letra diz- e também porque é uma das poucas vezes que a banda se dispõe a produzir um vídeo clip.

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No inicio da animação temos o BIG BANG e cenas de um planeta convertendo-se em células que se multiplicam e dão origem aos primeiros animais, clara representação da teoria evolutiva de CHARLES DARWIN na sua obra A ORIGEM DAS ESPÉCIES [vale lembrar que o termo evolução não foi cunhado por ele, este até mesmo era contra o termo, pois prefere o termo adaptação que é o que realmente acontece].

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Agora temos algo muito legal para quem gosta de quadrinhos, mais especificamente: uma referência a personagem MORTE da obra SANDMAN, escrita por NEIL GAIMAN. A personificação da morte é representada por uma garota estilo Heavy Metal com roupas pretas, maquiagem pesada e que durante a narrativa faz uma espécie de dança da morte bem ao naipe bate cabeça da galera PUNK.

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Morte de Gaiman/ Mike Dringenberg/ Malcolm Jones III

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As próximas cenas são de animais mais fortes e maiores devorando os menores, ou seja, a Teoria da Seleção Natural: OS MAIS FORTES SOBREVIVEM.  Aqui temos os Dinossauros sendo extintos na possível catástrofe causada por meteoros que os dizimou da face da terra, logo em seguida, a narrativa dando sequência à existência de primatas que vão se transformando até chegarem à condição de Homo Sapiens Sapiens, e da mesma forma que os animais dos primórdios vão cometendo matanças para chegarem ao topo. Nesse momento a música remete a crença de Deus e as barbáries que o homem já praticou por questões religiosas- Bíblias, ou, qualquer outro livro místico.

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 “I CAN KILL ‘CAUSE IN GOD I TRUST”

Clara referencia a INQUISIÇÃO na Idade Média e AS CRUZADAS.

Então, temos um homem pulando do topo de um prédio, algo referente às suicídios providos pelo Crash na Bolsa de Valores na cidade de Nova York no ano de 1929, evento que levara a falência milhares de pessoas, afetou o mundo todo e gerou atitudes drásticas nos cidadãos.

“I’M AT PEACE, I’M THE MAN/ BUYING STOCKS ON THE DAY OF THE CRASH.”

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A guerra e as atrocidades cometidas pelos Nazistas e seu exército não poderia ficar de fora da narrativa- que praticamente é um registro da história, – então, temos cenas do HOLOCAUSTO judeus num campo de concentração.  Sob a ótica de HITLER, homossexuais, negros, judeus, deficientes físicos e mentais foram vitimados pelo preconceito e posto em fornalhas, quando não baleados até a morte. Durante a SEGUNDA GUERRA MUNDIAL houve a queima de livros efetuados pelos Nazistas no intento de destruir toda critica ou pensamento conflitantes ao regime Nazista. Temos também referência a REVOLUÇÃO FRANCESA onde a guilhotina representa o ideal de igualdade, fraternidade e liberdade; a alusão à caça das baleias; e o ponta pé para formação de uns dos maiores impérios da humanidade: O IMPÉRIO ROMANO em cenas de escravos egípcios puxando imensos blocos de pedras.

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As cenas seguintes são sequências da RELIGIÃO, sendo usada por homens ambiciosos para o acumulo de dinheiro, utilizando-se da fé das pessoas- temos um campo cheio de cruzes e um homem vendendo um crucifixo, – como também a catequização dos índios e a dizimação do seu povo pelos Europeus ao conquistarem a AMÉRICALogo mais chegamos à REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, onde as máquinas passam a fazer determinados trabalhos pesados, podendo produzir mais e escravizando ainda mais o povo, ao passo que aumenta a poluição e destrói o meio ambiente. Como determinados processos é um ciclo, temos a cena de líderes religiosos ao lado de líderes políticos decidindo o futuro do povo.

A Sequência final é uma representação do consumismo desenfreado, da morte de valores, opressão, alienação e variantes, onde temos o ser humano virando comida para cachorro, uma forma de demonstrar o povo sendo devorado pelo CAPITALISMO desregrado. A violência- que sempre existiu– é disseminada e torna-se mais visível e até mesmo idolatrada, diminuindo a sensibilidade das pessoas- programas de noticias que o digam com suas cenas extremante fortes e desnecessárias, – onde o estupro é um dos meios mais utilizados- seja este físico, ou, psicológico. Donos de terras [tiranos no poder] tratando outros seres humanos como se não fossem nada- há um homem batendo no outro com um chicote.

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A animação chega ao ápice com a era da DIGITALIZAÇÃO, onde o ser humano domina e é dominado pelos computadores [e virtualidade], e o tempo, torna-se um fator alienante, opressivo, claustrofóbico; no sentido capitalista [ganancioso] o TEMPO deve ser gasto unicamente para obter-se dinheiro- “TIME IS MONEY”, torna-se a regra do jogo.

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O Macaco sobre a mesa pode ser remetido ao primeiro transplante de coração realizado no ano de 1964, no qual o doador era um macaco, no entanto, o paciente não sobreviveu por que seu corpo rejeitou o órgão.

Nesse ponto o ser humano é uma mera ferramenta do ESTADO, um objeto qualquer e as crianças prontamente são codificados.

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E pronto: uma bomba atômica explode: uma possível solução. Realmente seria?

Algo é muito interessante: Após a implosão do mundo, nas cinzas sobram apenas os gafanhotos, ou, melhor dizendo podemos ouvir seu canto. Como se a própria MORTE tocasse violino. E que se ainda assim existir novamente a vida humana, ela por natureza possui o instinto de sobrevivência e com isso tudo que faz parte dela e sua consequência, então, novamente temos o simbolismo do gafanhoto que na Grécia antiga era símbolo de enormes saltos de fé, pulos de progresso e de dinâmicas consistentes; em outras palavras à própria existência da humanidade significa DESTRUIÇÃO sobre a asa da MORTE.

Tanto as letras como a animação são tão bem elaboradas que consegue nos fazer pensar sobre nossa própria existência e no meio no qual vivemos.

Os desenhos são sensacionais, a fotografia é linda, souberam sintetizar muito bem relatos históricos durante o tempo de musica.

Um filme com quatro horas, talvez, não conseguisse esse intento, o que demonstra a competência nos envolvidos na produção.

É por esse e outros motivos que sou apaixonado por PEAL JAM.

 

É A EVOLUÇÃO QUERIDA!

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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