“Deve se lembrar de que foi enviado para cá porque se parece com um terrestre… mas não é um deles”–Jor- L
SINOPSE: “Superman fica maravilhado quando uma nave Kryptoniana cai no meio de Metrópolis. Em seu interior, ela traz um garoto Kryptoniano com todos os poderes do Superman. O Homem de Aço está determinado a proteger a criança e cria-la como se fosse um filho, mas as autoridades estão preocupadas… pois ninguém tem certeza de onde veio esse ser incrivelmente poderoso”.
UPERMAN é um dos heróis mais poderosos da DC Comics, por tanto, atualmente, uns dos mais difíceis de criar histórias que prendam nossa atenção nos fazendo dizer: “sensacional” no fim da leitura- até mesmo por que vários escritores já ofereceram seu ponto de vista do personagem. Minha visão do ícone da DC Comics é essa por que o cerne da sua psique é de um individuo que possui os mais altos padrões éticos e, principalmente, morais, o que acarreta que fugir desse padrão exige destreza- não por acaso INJUSTIÇA: DEUSES ENTRE NÓS é uma obra que merece ser lida– e continuar nele torna-se enfadonho.
Adendo: uma vez num conversa com um amigo sobre o filme O HOMEM DE AÇO [MAN OF STEEL], dirigido por ZACK SNYDER e roteirizado por DAVID S. GOYER, este odiou o fato do SUPERMAN ter matado o general, ZOD, segundo ele: “Todos sabem que o Superman tem a politica de não matar”. Entendem? Isso é um exemplo de como trabalhar o personagem de forma que defira da sua conceptualização dos primórdios é tabu para os fás.
SUPERMAN-O ÚLTIMO FILHO é uma dessas obras que fazem diferença no histórico biográfico do personagem, visto que, além de ser uma homenagem ao clássico filme, SUPERMAN de 1978, sendo que RICHARD DONNER assinou como diretor o clássico mencionado, escalado, então, em 2006, para transportar a história para as HQs em parceria de GEOFF JOHNS, a trama prende nossa atenção do começo ao fim. O lado emocional do personagem é explorado de forma singela quadro a quadro, mostrando ao leitor a tristeza de KAL-L por saber que nunca poderá ter um filho de sua amada LOIS LANE por causa de suas características biológicas dispares, porém com o surgimento de um menino vindo aparentemente de fora da órbita terrestre, demostrando que possui poderes similares ao último filho de Krypton, KAL- L passa ter um lapso de esperança de que conseguirá ter uma família com LOIS. Obviamente as autoridades terrenas procurariam uma forma de conter o poder do menino assim que tivessem certeza deste ter o mesmo sistema biológico do SUPERMAN, no entanto, o Homem de Aço, uns dos maiores protetores de Terra, não permitiria que a criança passasse a vida como cobaia de experimentos científicos, em confinamento pleno.
Nesse meio tempo LEX LUTHOR ao saber do novo visitante da Terra começa seus planos de contenção do “eminente” perigo. LUTHOR, em O ÚLTIMO FILHO, demonstrasse caracterizado com uma mente menos politica, demostrando-se alguém mais voltado para a ciência, obcecado em eliminar KAL- L por considerar que a presença deste no planeta Terra atrasa a evolução dos seres humanos. Por tanto liberta BIZARRO, o famoso clone defeituoso do SUPERMAN, e cria o ESQUADRÃO VINGADOR, uma equipe com alguns membros constituídos biologicamente com os atributos das Kryptonita que são capazes de enfraquecer- e matar– kryptonianos.
Desde há muito os fãs do Homem de Aço especulavam que este não poderia ter um filho com LOIS LANE, até mesmo o autor, LARRY NIVEN, em seu ensaio, “MAN OF STEEL, WOMAN OF KLEENEX”, afirma que as questões físicas e genéticas não permitiriam que a gravides de LOIS mantivesse seu corpo intacto, o útero poderia explodir com a força da criança- e com isso, claro, perderia a vida-, aliás, até mesmo a relação sexual seria conflitante por causa dos movimentos involuntários, ou seja, os espasmos sexuais. Talvez, por esse fato, durante algumas décadas, os editores da DC Comics não cogitavam que SUPERMAN tivesse um filho de seu sangue, por isso O ÚLTIMO FILHO é uma obra importante, nele conseguimos sentir como seria a vida de KAL- L, caso tivesse um filho, mesmo que adotivo. A história, O MELHOR DIA, publicada, originalmente em SUPERMAN ANNUAL Nº 13, em 2008, escrita por KURT BUSIEK e com desenhos de RENATO GUEDES, nos monstra a felicidade permeando a vida de KAL- L num dia descontraído com sua esposa LOIS, seus pais JONATHAN e MARTHA KENT e LOR-ZOD, ironicamente agora o último filho de Krypton, batizado como CHRISTOPHER KENT, durante os acontecimentos do arco, O ÚLTIMO FILHO- o nome dado para o personagem é uma clara homenagem ao ator Christopher Reeve que interpretou o Superman, durante quatro filmes.
O arco, O ÚLTIMO FILHO, levou dois anos para se terminado devidos aos atrasos de ADAM KUBERT de entregar a arte, algo que incomodava muito os leitores da ACTION COMICS, porém, foram feitas muitas criticas favoráveis a sua arte, por exemplo, JASON SACKS, colunista do site COMICS BULLETIN: “Eu tenho certeza que a maioria dos comentários sobre essa revista focam-se na participação de Richard Donner, e por bons motivos. Mas eu quero tirar um minuto (…) para elogiar a arte de Adam Kubert. O seu irmão Andy é quem geralmente recebe os trabalhos nas revistas de maior destaque, mas Adam é um artista incrivelmente talentoso por seus próprios méritos. E parece ter herdado mais do estilo de seu pai do que o irmão. Sua arte é habilidosa e excitante, mas com um interessante toque grosso. O Superman de Kubert é um homem complexo, e você pode ver essa complexidade em cada linha de seu rosto desenhado. Nós vemos todo um espectro de emoções nessa história, de raiva à animação até felicidade plena, e Kubert faz com que cada uma dessas emoções seja unicamente de Superman”. Há de se concordar com SACKS, visto que, KUBERT nos oferece cenas com os cenários incrivelmente detalhados, desde as ruas aos edifícios da mesma forma que consegue deixar o Homem de Aço expressivo, conseguindo com que com nessa habilidade de traduzir emoções nos personagens haja ênfase nos sentimentos e emoções destes. Umas das cenas que mais chamam atenção é o momento em que o SUPERMAN e LEX LUTHOR debatem e as expressões dos personagens conseguem demostrar de forma verossímil o conflito emocional entre os dois. Não posso deixar de dizer que as cores de DAVE STEWART complementa de forma magnifica os traços de KUBERT.
Em suma, GEOFF JOHNS, deixou de lado a visão histórica feita pela reformulação de JOHN BYRNE quando este havia assumido o personagem entre 1986 e 1988, fato que pode incomodar muitos leitores, e agradar outros mais saudosistas, no entanto, de qualquer forma apesar da confusão cronológica que é na prática O ÚLTIMO FILHO por causa dos atrasos e, por tanto, outras histórias precisaram ser criadas nesse meio tempo para tapar buraco, ainda sim a visão de GEOFF merece ser lida e por isso faz sentido ser parte da linha DC COMICS COLEÇÃO DE GRAPHIC NOVELS da EAGLEMOSS COLLECTIONS.
A edição, Nº 03, da EAGLEMOOS, oferece detalhes sobre a produção de O ÚLTIMO FILHO, galeria de capas. Contem a história SUPERMAN 1, originalmente publicada em 1939, e um artigo falando sobre algumas mudanças na história do personagem na Era de Ouro dos Quadrinhos.
Eu não costumo avaliar com pontuação as obras que leio por que considero meio desnecessário, mas muitas pessoas gostam desse esquema, talvez comesse a fazê-lo, no caso de O ÚLTIMO FILHO, entre ZERO a DEZ, a nota é SETE.