RESENHA/ “Em busca do Unicórnio” Por Carl Barks

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“Eu não conto mais lorota”Pato Donald


na infância, enquanto outras crianças liam (de forma quase religiosa) histórias da Turma da Mônica e suas peripécias, eu visitava constantemente (na medida do possível) o universo da Walt Disney tantos nas animações como nos quadrinhos.  Desde sempre gosto dos personagens, de praticamente todos eles, no entanto, meus preferidos sempre foram os habitantes de Patópolis, mais especificamente: Pato Donald, Tio Patinhas, Peninha e Os escoteiros Mirins.  Então, pense minha alegria ao ler “Em busca do Unicórnio” (o terceiro volume da série de livros, que está sendo publicada pela Editora Abril) e encontrar cinco desses personagens? Uma ironia fantástica é o fato de que li ontem, no Natal, e algumas histórias tinham a data como pano de fundo, tanto que poderia muito bem ser “Contos de Natal de Carl Bakes” ao invés do titulo escolhido.

O encadernado tem um acabamento excelente, principalmente me agradando na escolha do papel, não sei o nome deste, mas é macio e aparentemente não umedece fácil quando expostos a lugares de baixa temperatura como ocorre com o papel couchê– o que comumente borra a tinta ou gruda as páginas.  As histórias (orginalmente publicadas entre 1949/ 1950) contêm as paletas de cores originais (algo que me agrada muito nessas coleções com histórias clássicas).

anarkia literária

_direito a combate de máquinas Retro Escavadeiras hahaha

Em relação à narrativa, “Em busca do Unicórnio”, é uma prova concreta da fama que Carl Barks obteve na sua carreira de roteirista e desenhista: as histórias são engenhosas (levando em consideração ao contexto da época que sofria com traumas de guerra e com a consciência que o inimigo [espião, terrorista, etc.] poderia ser qualquer um) e possuem pequenos detalhes nos quadros que fazem toda diferença, não só na ambientação, mas para o contexto narrativo, demonstrando a preocupação que tinha com o roteiro do começo ao fim.   Os personagens possuem significantes diferenças entre a forma que os conhecemos hoje em relação à forma que Barks construiu suas personalidades no começo, como, por exemplo, Tio Patinhos que em “Em busca do unicórnio” (história que deu nome ao titulo do encadernado), paga ao sobrinho Pato Donald para trazer a ele o seu “objeto” de ambição, diferente de como o personagem é retratado atualmente no qual este prefere fazer todo o trabalho sozinho tanto por ter um espirito mais jovem e aventureiro quanto para economizar mais alguns trocados (mas pelo o que entendi em “notas sobre as histórias”, presente no encadernado, o próprio Barks fez essas mudanças nas personalidades dos personagens ao longo de sua carreira).

Na mencionada “notas sobre as histórias”, encontramos algumas análises feitas em relação às histórias presentes no encadernados, que valem muito a pena ser lidas. Uma das histórias que mais gostei está “SuperDonald”, uma critica ferrenha a personagens nos moldes clássicos, como Superman, e também levanta um questionamento filosófico pertinente: “Realmente usaríamos nossos poderes para a justiça, ou nos deixaríamos nos levar pelo egoísmo e os usaríamos para nosso prazer apenas?”.  Outra história digna de nota é “O felizardo do Polo norte”, no qual Donald decide mandar o primo Gastão pra longe já que este parecia existir pra importuná-lo, e usar de truques nenhum pouco ético para favorecer sua sorte, no entanto, levando em consideração os perigos que o primo xarope iria enfrentar, sua consciência começa a pesar (em passagens de quadros cinematográficos e poéticos) e opta pelo descarrego de consciência indo atrás do infeliz Gastão.

“Em busca do Unicórnio” Por Carl Barks contêm histórias que valem a pena serem lidas como também é um encadernado que vale a pena ter na prateleira.

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LIGA DA JUSTIÇA DA AMÉRICA- OS MELHORES DO MUNDO: MESTRE DOS SONHOS #26 [GRANT MORRISON/ HOWARD PORTER]


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Estamos em um sonho que a criatura construiu como campo de concentração. Que tipo de regras se aplicam?”- Superman

Você veio com um manual de instruções para o mundo desperto, Super- Homem? Você já esteve aqui antes.”- Daniel [Sandman]


SINOPSE: “Numa noite, todos os habitantes do planeta Terra caem em sono profundo, exceto a Liga da Justiça. Em meio ao salvamento de carros, aviões e navios desgovernados, os heróis recebem uma surpreendente visita na Torre de Vigilância: Sandman! Indiferente aos questionamentos cada vez maiores dos heróis, o Mestre dos Sonhos alerta à Liga que, para libertar o mundo, será preciso salvar uma criança, cuja vida corre perigo em nome… da Coisa!” Guia Dos Quadrinhos.


Quando li ENTES PERPÉTUOS: O UNIVERSO ONÍRICO DE NEIL GAIMAN, de HEITOR PITOMBO, descobri sobre a aparição de DANIEL, considerado o filho de MORFEUS por ter nascido no REINO DOS SONHOS, que assumiu o cargo após sua morte, numa história escrita por GRANT MORRISON. Claro, como leitor aficionado por SANDMAN– e criações de NEIL GAIMAN– queria muito lê-la, mas infelizmente demorei um tanto para encontra-la, o fazendo há pouco tempo, tendo lido apenas nessa noite de chuva.

“… PERCHANCE TO DREAM” é o título de JUSTICE LEAGUE786659-jla22 OF AMERICA #22, no qual DANIEL “dá as caras”, se formos traduzir ao pé da letra, seria algo como “… talvez, sonhar”, no caso, o termo, Perchance, não é muito utilizado, segundo um amigo meu, era bastante difundido no inglês arcaico, comum na época de SHAKESPEARE. Digo isso por que, logo pelo título, já podemos ter noção da forma que GRANT MORRISON trata suas narrativas.

No Brasil, o título foi traduzido como MESTRE DOS SONHOS, obviamente para existir uma referência mais explícita ao personagem ícone do selo VERTIGO, SANDMAN. A edição #26, da LIGA DA JUSTIÇA DA AMÉRICA: OS MELHORES DO MUNDO, publicada pela EDITORA ABRIL, em 1999, contêm três historias: a primeira delas, O FIM DE UMA ERA, equivalente a edição # 562 de ADVENTURES OF SUPERMAN, a segunda, A COISA, edição JLA # 22, a terceira, CONQUISTADORES, continuação direta da segunda história, edição JLA #23.

O FIM DE UMA ERA possui o argumento de KARL KESEL e JERRY ORDWAY, desenhos de TOM GRUMMETT, e, basicamente, mostra as consequências da compra de LEX LUTHOR DO PLANETA DIÁRIO, mudando o nome para LEXCOM; e a fuga de MIKE “METRALHADORA” GUNN, da U.C.E., com a ajuda da INCENDIÁRIA, que são impedidos pelo Homem de Aço.

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Como todos sabem quando SANDMAN começou a ser publicado, no caso, a releitura de GAIMAN, o personagem ainda fazia parte do selo DC Comics, no entanto, a partir do momento que começaram  a surgir histórias com teor mais sombrio, incluindo SANDMAN, como, por exemplo, a releitura do MONSTRO DO PÂNTANO por ALAN MOORE, a editora acabou criando o selo adulto VERTIGO, porém mesmo que GAIMAN tivesse se distanciado um pouco do universo DC, durante a narrativa da trajetória do REI DOS SONHOS, este nunca chegou a se distanciar completamente, colocando, a título de exemplo, a aparição de SUPERMAN e BATMAN, durante o funeral de MORFEUS, em SANDMAN: O DESPERTAR. Por isso sempre existirá a possibilidade dos escritores utilizarem os personagens criados por GAIMAN, no universo “normal” da DC Comics, mesmo que o escritor inglês não queira que isso aconteça. Até onde tenho ciência, existe um acordo de NEIL GAIMAN com a editora, de que, mesmo que a DC seja dona do personagem MORFEUS, apesar do escritor ter reinventado o personagem, tornando o totalmente diferente de WESLEY DODDS, SANDMAN da Era de ouro dos quadrinhos, esta não permitirá a utilização do personagem por outro escritor sem seu consentimento, no entanto, o seu substituto, DANIEL, não faz parte do acordo, ou seja, este pode ser utilizado. Pelo o que andei pesquisando, GAIMAN não era de acordo que GRANT MORRISON, usasse DANIEL nessa história, mas não pôde impedir. De qualquer forma, DANIEL, após essa aparição parece ter sido esquecido.

A APARIÇÃO DE DANIEL NA TORRE DA VIGILÂNCIA:


gears-of-war-skull-2WARNING: Contêm Spoilers


Algo está erLiga das justiça da américa- mestre dos sonhos-03rado”, um menino vagando pelas ruas, de nome MICHAEL HANEY, reflete sobre isso, ele não sabe exatamente o que é, mas novamente, após entrar em sua casa, repete em sua mente: “Algo está errado”. Parece uma noite como qualquer outra, envolto em sombras, a lua brilhante no céu, e alguma coisa espreitando, vigiando as pessoas, vigiando o menino… Esperando. Enquanto isso, talvez, do outro lado da cidade, SUPERMAN é convocado por AJAX, O MARCIANO, que diz que as pessoas estão começando a cair num sono profundo, algo está totalmente errado, SUPERMAN ruma, então, para a TORRE DA VIGILÂNCIA.

MICHAEL HANEY, por sua vez, agora está no Reino dos Sonhos, adormeceu depois de fazer alguns desenhos em sua solidão, no quarto.

Na torre, DALJA- Mestre dos sonhos-04NIEL, o novo SANDMAN, está à espera de todos os heróis, segundo, o anjo renegado, ZAURIEL, o perpétuo é uma forma abstrata, as máquinas revelam isso.  “É mais antigo do que pensa. Espreitou o mundo e agora ataca. Primeiro, conquista nos sonhos. Depois na realidade”, diz, DANIEL, quando indagado por SUPERMAN sobre o que seria a presença alienígena que possivelmente está causando o sono repentino dos cidadãos. DANIEL também revela, entre um e outro signo em sua linguagem metafisica, que uma criança clama pela ajuda d’OS MELHORES DO MUNDO, e esta está no plano onírico, lugar que os heróis devem ir, agindo de acordo com a do menino.

MICHAEL HANEY, continua no seu quarto, mas diferente de antes, no plano onírico, sendo tentado pelo alienígena, pela COISA.

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A COISA, no sonho, domina a mente das pessoas, divide suas emoções, interfere na sua vontade de potência, deseja torna-las suas marionetes, Zumbifica -las, enquanto, HANEY, procura por um nome, não, mais que isso, procura superar o niilismo, auxiliado pelo mensageiro DANIEL, o SENHOR DOS SONHOS, que mostra o desenho feito por HANEY, antes de adormecer: o SUPER- HOMEM, essa é a salvação da perda da razão, perda dos sentidos, ele precisa tornar-se o Super Homem do filosofo, NIETZSCHE.

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Durante esse meio tempo, os heróis: SUPERMAN, MULHER MARAVILHA, LANTERNA VERDE [KYLE RAYNER] vagam pelos sonhos a procura do menino perdido, o menino que deposita fé nos potencial dos heróis. “Por que você sempre exita? Jordan, que usou o anel mágico antes de você… afeta todas as suas ações” afirma, DANIEL, quando, KYLE, demonstrasse inseguro, sem saber o que fazer, nem aonde ir. O LANTERNA VERDE, novamente, demonstra insegurança quando age de acordo com sua vaidade, mesmo admirando HAL JORDAN, e diz que todos consideram JORDAN, o antigo portador do anel, como o melhor Lanterna de todos, porém DANIEL, afirma que KYLE, sabe algo que JORDAN nunca aprendeu: sentir medo. A coragem pode, em muitos casos, gerar arrogância, favorecer a fúria, enquanto o medo, quando superado, consegue tornar- o individuo virtuoso, digno, capaz de se sacrificar por um ideal.

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As duas passagens são extremamente importantes na narrativa por que, ao mesmo tempo em que, DANIEL está com os heróis, também está com HANEY, e após mostrar esses dois pontos de vistas, uma consciência onírica reflete: “Mas é só imaginação. Todos dizem que ele tem isso de sobra. Que ele é estranho. Ela sabe”.

Por um lado, o individuo deve se aperfeiçoar, potencializar sua própria personalidade, buscar sua própria felicidade, e não a felicidade coletiva, antes de pensar na sociedade, tornar-se o Super Homem; por outro, o indivíduo deve vencer o medo, seguir em frente, ser capaz de ajudar, amar o próximo, buscar a paz coletiva– o Lanterna Verde é o signo para isso. Mas: “A voz do pai é grossa e engraçada, como se ele falasse com gelatina na boca. Como duas vozes ao mesmo tempo. Talvez seja só imaginação.”, prossegue a voz onírica.

A entidade alienígena, segundo, AQUAMAN: “A Coisa… está livre… divide… e invade (…) ela é mais velha que o tempo (…) ela divide e conquista.”, no entanto, quando a vontade de potência do menino, HANEY, aliada a convicção dos heróis no sonho; e o esforço dos membros da LJA despertos, a COISA é derrotada, seu sonho deixa de ser palpável, e o conquistador descobre que acima do lobo no riacho que devorou a ovelha que, supostamente, sujou sua água, existe outro lobo mais feroz acima, espreitando, capaz de devorá-lo.

“Nas mansões ilimitadas do rei das histórias um sonho termina”

CONSIDERAÇÕES:

Toda a narrativa de MORRISON é repleta de simbolismo, começando pelo designo da entidade alienígena: A COISA. É bem provável que ela seja da mesma raça de STARRO, O CONQUISTADOR ESTELAR, que apareceu pela primeira vez na história, THE BRAVE AND THE BOLD #28, em 1960, porém isso não é claro, MORRISON, nos deixa na duvida, afinal de contas, mesmo tendo as mesmas particularidades, STARRO, é roxo, ao passo que, A COISA é verde, de tamanho descomunal. Importante frisar que o nome do segundo capítulo é CONQUISTADORES, e tem duplo sentido: tanto pode remeter e especificar que a COISA é descendente de STARRO; quanto é o símbolo “Nietzschiniano” para o Super Homem, do filosofo, tendo como base HANEY e os membros da LIGA DA JUSTIÇA DA AMÉRICA.  A denominação COISA também remete a especulações metafísicas , por exemplo, se alguém pegar uma pedra, puser em cima de uma mesa, em seguida com uma marreta dividi-la no meio, o resultado será: duas pedras, ou uma pedra partida em dois pedaços? Ou seja, quantas coisas serão? O que é uma coisa? Definimos as coisas por suas propriedades individuais, ou como um todo?

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_“Cuidado com a coisa, coisando por aí, a coisa sempre coisa, também coisa por aqui… Sucesso e seu resgate envenena sua atenção”Marcianos Invadem a Terra [Legião Urbana]

MORRISON, não por acaso, quis usar DANIEL em sua história; em A TEMPESTADE, SHAKESPEARE, versa o seguinte: “Somos feitos da matéria de que são tecidos os sonhos e a nossa vida tão curta tem por fronteira um sono”, ou seja, todas as informações que temos em relação ao universo como um todo, são representações de nossa mente, então como é possível provar a existência de uma realidade? Quando pensamos em alguma Coisa, prontamente vem à mente o contrário de Nada, mesmo que não tenhamos a imagem delineada de objeto, ou ser vivo, LJA- Mestre dos sonhos-10algum. Durante o período de sono, e consequentemente sonhos por mais que haja nossa interação, tudo sempre remete a névoas, e muito do que vivemos empiricamente nesse momento, ao acordarmos cai no esquecimento. Quando KYLE acredita já ter despertado do sonho, diz que pode então fazer o que quiser; é possível se libertar das representações das crenças? O conceito, de superação individual e transcendência além da estrutura e contexto, de NIETZSCHE, aparece nesse momento da narrativa.

Usar a COISA como um conceito filosófico de nossa definição <Não definição> da realidade; e DANIEL como a representação abstrata das ideias, analogando, tanto com conceitos de NIETZSCHE; quanto com o MITO DA CAVERNA do filósofo grego, PLATÃO, foi uma “sacada” extremamente filosófica, praticamente irônica, de certa forma.

A história é capaz de oferecer várias interpretações seguindo a premissa entre especulações da realidade e dos sonhos; MORRISON conseguiu em poucas páginas fazer jus ao personagem <conceito> “criado” por NEIL GAIMAN. A arte de HOWARD PORTER é caprichada, principalmente nos quadros com DANIEL.

“Ela teme o que sabe. Ela sabe o que todos os conquistadores descobrem: sempre há alguém maior que você”

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao/melhores-do-mundo-os-n-26/mmu0302/7248

http://observationdeck.kinja.com/a-history-of-dc-crossovers-the-sandman-1708127365

https://pt.wikipedia.org/wiki/Kyle_Rayner


LIGA DA JUSTIÇA: TORRE DE BABEL [MARK WAID/ DAN CURTIS JOHNSON/ HOWARD PORTER/ PLABO RAIMONDI/ STEVE SCOTT…]

 

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Quantas vezes você sonhou em ouvir  a voz de seu pai de novo? Ou sentir o toque de e sua mãe?Ra’s al Ghul!.

Ou ser digno da memória deles?”- Batman.


SINOPSE: “Os arquivos secretos de Batman sobre a Liga da Justiça caíram nas mãos do seu mais antigo e mortal inimigo: Ra’s al Ghul! Agora, Superman, Mulher Maravilha, Aquaman, Caçador de Marte, Lanterna Verde e Flash estão sendo levados a armadilhas especificamente projetadas para se opor às suas notáveis habilidades. Será que a Liga da Justiça sobreviverá? E se sobreviver, será capaz de perdoar Batman por esta terrível traição?”.


Então, a humanidade agindo de acordo com sua vaidade desmedida começa a construir uma torre que conseguiria chegar até os Deuses, no entanto, Javé, de acordo com o Velho Testamento, derruba com sua onipotência a construção egocêntrica, e para garantir que sua vontade seja satisfeita, no caso, de que descendentes de Noé se espalhassem pelo mundo, o habitassem, não se agrupando em um único lugar, também mistura as línguas criando assim a possível origem para os idiomas diferentes que tecem a civilização.

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LIGA DA JUSTIÇA: TORRE DE BABEL [JLA TOWER OF BABEL] mantem como premissa essa alegoria bíblica, no caso da minissérie de MARK WAID e DAN CURTIS JOHNSON, a Torre, construída e mantida em segredo na Antártica por RA’S AL GHUL, é capaz de interferir no processo de decodificação do cérebro que garante a possibilidade de compreender sinais e sons, causando assim, no começo, a impossibilidade da humanidade de compreender a linguagem tanto escrita quanto de sinais, e depois de um tempo, também afetando a linguagem falada, que por consequência causa o caos e a eminência de guerra, muito provavelmente chegando a nível bélico. A ironia alegórica está no fato de que a humanidade classifica os seres vivos da natureza- ou “não” vivos, se incluirmos os vírus– criando uma torre <Pirâmide>, por assim dizer, dividindo em gêneros, que são dividias em famílias, e assim em diante, culminando nos reinos, e por existir a necessidade da cadeia alimentar os humanos decidem quais os seres vivos, seja animal, vegetal… Que devem ser sacrificados para garantir a existência da espécie, ou seja, a raça humana. Por tanto tal fator em consequência afeta a natureza porque o homem não sente necessidades apenas fisiológicas, mas também de outros itens que, por exemplo, fazem parte da Hierarquia de necessidades de Maslow, teoria cunhada pelo psicólogo americano, MASLOW, como a necessidade de segurança, o que exige moradias, por isso quantas florestas já não foram devastadas para existir grandes metrópoles? A natureza, então há muito tem sofrido pela intervenção do homem; no universo DC COMICS, esse egoísmo perturba o vilão, RA’S AL GHUL, que prevê uma catástrofe ambiental sem precedentes se a condição humana continuar na mesma, por isso, construiu a TORRE DE BABEL: diminuir a quantidade de seres humanos no mundo, facilitando assim o controle sobre eles. RA’S AL GHUL, não é movido por motivos egoístas, na verdade ele quer salvar a natureza, porém como alguns psicopatas, este tem sua própria noção de justiça, ignorando a injustiça em seus próprios atos.

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Para concretizar o seu plano, sabia que precisava tirar de cena os heróis mais poderosos que protegem a Terra: AQUAMAN, FLASH, SUPERMAN, CAÇADOR DE MARTE,MULHER MARAVILHA, LANTERNA VERDE [KYLE], HOMEM BORRACHA, BATMAN, ou seja, a LIGA DA JUSTIÇA,  consegue tal intento com a ajuda do próprio BATMAN que, no seu calculismo, têm estudado todos os seus amigos de equipe para ter meios de imobiliza-los, caso sejam dominados por alguma entidade- como já aconteceu no passado, o caso Agamenon, no qual a LJA foi dominado e causou temor nos terráqueos, – e mantinha, na TORRE DA VIGILÂNCIA, registros especificando esses métodos. Roubando, por intermédio da filha, TALIA, esses arquivos, e distraindo o homem-morcego com uma das poucas formas que podem afetá-lo emocionalmente, aos poucos RA’S AL GHUL consegue conter os heróis, auxilado por sua LIGA DAS SOMBRAS, e inicia seu plano de redução da superpopulação e possível controle sobre os restantes.

A ironia é o mote da história, a analogia com o evento bíblico, no entanto, o cerne do conflito, está na forma que os personagens, sejam os heróis, sejam vilões, reagem a precaução de BRUCE WAYNE. E claro, não apenas os conflitos internos dos personagens vão sendo desenvolvidos durante a trama em relação ao ato, talvez, traiçoeiro, mas somos convidados a entrar nesse questionamento e assim, talvez, chegarmos as nossas próprias conclusões.

Durante o pano de fundo da história, essa questão das pessoas não conseguirem compreender umas as outras, podendo causar uma guerra que dizimaria a humanidade, me incomodou um pouco por que num mundo na qual não existem apenas os heróis membros da LIGA DA JUSTIÇA, o evento carrega em si a temática das minisséries que envolvem a vida de todos os personagens como, por exemplo, FIM DOS TEMPOS, porém durante a trama nenhum personagem, além daqueles da LJA, aparecem- eu considero isso um tanto inverossímil.

Quanto aos desenhos, estes são bem detalhados, cumprem bem o papel, apenas, em alguns casos, incomoda o exagero nas expressões dos personagens.

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_As expressões tanto podem não incomodar o leitor quanto podem deixar incomodado a níveis apocalíticos.

Mesmo que exista um ou outro pequeno detalhe que incomoda, a minissérie, não por acaso, é uma das mais lembradas pelos aficionados pelo universo DC Comics, e realmente não poderia deixar de fazer parte da linha DC COMICS COLEÇÃO DE GRAPHICS NOVELS da EAGLEMOSS: COLLECTIONS.

LJA- Torre de Babel 02A edição da EAGLEMOSS, VOLUME 4, contêm a primeira aparição da LIGA DA JUSTIÇA DA AMÉRICA na história: STARRO, O CONQUISTADOR, na qual enfrentam o vilão STARRO, vindo do espaço sideral, capaz de tornar gigantes as estrelas do mar, tornando-as suas subordinadas- aliás, a própria aparência de Starro é de uma estrela do mar, -intencionando dominar o universo, começando pelo planeta Terra. Os extras são galerias de capas, informações sobre a origem da LJA, descrição dos eventos que culminaram em Torre de BABR-057-017gabel.


O arco no Brasil, anteriormente saiu pela EDITORA ABRIL, na linha SUPERMAN– SUPER-HERÓIS PREMIUM, Nº 17, em 2001/ SUPERMAN- SUPER-HERÓIS PREMIUM, Nº 21, em 2002.



LIGA DA JUSTIÇA: A LEGIÃO DO MAL [JUSTICE LEAGUE: DOOM] é uma animação de 2012, dirigida por LAUREN MONTGOMERY, que adaptou livremente TORRE DE BABEL, mudando vários detalhes, princip22almente o responsável pelo roubo das informações confidencias do BATMAN, no caso, ao invés de TALIA, é o vilão SAVAGE.

TRAILER:

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Liga_da_Justi%C3%A7a:_Torre_de_Babel

http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao/superman-1-serie-n-17/sm00301/8171


JOHN CONSTANTINE- HELLBLAZER: INFERNAL VOL. I- HÁBITOS PERIGOSOS [GARTH ENNIS, WILLIAM SIMPSON, MARK PENNINGTON, TOM SUTTON, MALCOLM JONES III]

HELLBLAZER-INFERNAL-VOL1- Anarkia literparia

É um esforço e tanto, porque caminhar é uma das coisas que faço melhor. Caminhar sem olhar nenhuma vez para trás, sem ver a carnificina e a desgraça que sempre deixo para trásJOHN CONSTANTINE

– cara, cê precisa ler Hellblazer, o cara é demais, tinha uma câncer, enganou demônios, tirou onda dos malucos e ainda por cima se curou da doença fatal. Garth Ennis é foda pra caralho!

Netfontes_cf_punk_attitude_Logouantos anos fazem que ouvi isso de um amigo das antigas? Cara! Foram muitos anos e somente agora pude compreender  por que o maluco falou tão empolgado dessa história de GARTH ENNIS.

Eu sempre ouvia as pessoas falando: “o melhor escritor de Hellblazer é Ennis” e eu não levava muito a sério, porém, preciso concordar, até certo ponto, com essas afirmações. Até certo ponto por que muitos escritores bons já escreveram histórias para CONSTANTINE, e um deles, meu escritor preferido, NEIL GAIMAN, escreveu uma que, desde que li, se tornou parte de mim, no caso, a obra HOLD ME.

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_Constantine, de W. Simpson, parece o ator Kiefer Sutherland do seriado 24 horas kkkkk

Eu sempre me perguntei como deve se sentir alguém diagnosticado com CÂNCER NO PULMÃO, quando este não é por fatores genéticos, ou externo, mas pelo fato do individuo ter fumado a vida inteira. A meu ver isso não difere de suicídio, e caso seja, aquela inconsequência de não pensar nos resultados futuro, mas que não significa que não exista amor a vida, deve ser muito, mas muito ruim saber que está na situação atual por sua própria culpa. Não. Somente é uma reflexão.

A avó de minha namorada nasceu, cresceu e viveu no campo, atualmente está nos quatro anos pós diagnostico de câncer no pulmão. Ela passou boa porcentagem da vida fumando cigarro de corda, agora, luta pela vida com unhas e dentes, ironicamente, não, creio que ironia não seja um termo correto, mas a gente não vê em seu rosto tristeza, ou, algum leve sofrimento, pelo contrário, passa uma energia boa, positiva a todos os familiares. É! A vida é uma questão de olhar. Mas, então, sabendo do medo de minha namorada de perder a vó para a doença, “ironicamente” acabo de ler HÁBITOS PERIGOSOS, primeira arco escrito pelo irlandês GARTH ENNIS, no qual temos um CONSTANTINE que passa toda narrativa sem um único sorriso no rosto por saber que não tardará a bater as botas e pagar pelos seus pecados.

É! A vida é escolha, ação, reação e consequências.

matt

_Matt, esse cara é gente fina.

A obra me entreteve do começo ao fim, como já disse anteriormente em outro post, eu sou apaixonado por narrativas feitas a partir de monólogos existencialistas, onde temos os pensamentos expostos, destrinchados, os quais invadem nossa mente e nos fazem sentir toda a atmosfera da história durante a narrativa, quase nos fazendo sentir à mesma dor- aquela dor.

ENNIS, logo no começo, nos apresenta uma narrativa- aliada ao talento de WILL SIMPSON– digna da melhor literatura Europeia e cinema Underground, daqueles filmes que partem da premissa de detalhes, ângulos de visões calculados, enquadramentos que nos remete a veracidade e assim nos faz realmente crer naquilo, tornando verossímil cada dialogo, cada acontecimento.

CONSTANTINE é sacana, calculista, um pé no saco de muita gente, ou, seja, CONSTANTINE é extremamente humano. E essa humanidade é muito bem trabalhada por ENNIS em HÁBITOS PERIGOSOS, história encomendada na época pelo editor da revista HELLBLAZER, STUART MOORE. Trabalho, o qual sabia ser sua chance de fazer nome, dar um toque especial para a linha da VERTIGO, que pudesse ficar para história, e claro, render o Money tão necessário para viver nesse mundo- e quem sabe conseguir algumas mulheres, fumar alguns cigarros…

E conseguiu. E como conseguiu.

Não vou dar detalhes da história, apesar de muita gente saber o básico até mesmo do final, principalmente por que “o maluco aqui” apenas leu tal obra prima décadas depois de sua primeira aparição, e alguns anos depois de muita gente que coleciona quadrinhos desde seus primórdios no Brasil. Não. Não devo me culpar muito por isso, afinal de contas nosso país sempre foi horrível para a arte sequencial, atualmente deu uma melhorada, mas ainda assim está longe do meu ideal de mercado- aliás, longe do meu ideal cultural da arte sequencial.

Que CONSTANTINE enganou o TRIUNVIRATO INFERNAL, todos sabem, e como o fez muita gente também sabe.

Fiquei abismado com a perspicácia de CONSTANTINE, de ENNIS? SIM, logicamente que sim, mas, são as nuances da história que mexeram comigo.

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_um drink com o diabo…

O roteiro não se apega exatamente em aprofundamento filosóficos como outras histórias para HELLBLAZER, no entanto, a forma crua, visceral que ENNIS narra os acontecimentos nos põe no lugar dos personagens; interagimos, refletimos quando precisamos; partimos para ação quando necessário, e tomamos decisões extrema, pois é o máximo que poderíamos fazer naquele momento, já que, na pele de CONSTANTINE, estávamos MORRENDO. Seria o fim, o the end precoce por causa de hábitos perigosos que temos durante nossa vida.

A gente acelera com o carro quando sabemos que isso é egoísmo, podemos matar alguém no trajeto; a gente sai de casa para beber até vomitar e deixamos nossas famílias preocupadas; traímos nossas [os] mulheres [homens], mesmo sabendo, o quanto nos amam verdadeiramente; entramos em brigas de bar, mesmo sabendo que só temos o punho, e o adversário, armas, ou, facas; fumamos que nem condenados e futuramente descobrimos uma granada dentro de nós que vai estourar e nos mandar para as profundezas do inferno.

NÓS SOMOS OS LOBOS DE NÓS MESMOS.

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A arte de WILL SIMPSON faz questão de nos mostrar a decadência da cidade durante a narrativa, os trejeitos humanos e tão cheios de sentimentos dos personagens, sejam estes puros, ou, os mais impuros possíveis até para o limite humano. Nem seus fundos, dando vasão ao colorista em pôr uma única cor, consegue nos fazer dizer que o cara é preguiçoso, nada disso, tudo ali é bem encaixadinho e ajuda na proposta do escritor, ajuda nos fazer sentir ao vazio que está se tornando a vida de CONSTANTINE perto do fim, e talvez até seu grand finale perante os demônios infernais.

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_A Arte De HÁBITOS PERIGOSOS me agradou e muito.

HÁBITOS PERIGOSOS merecia realmente essa publicação. E que o divisor de águas continue existindo e que ENNIS continue nos mostrando o talento que tem em nos entreter e continue nos dando segurança em dizer: – Garth Ennis é foda pra caralho!

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E nunca se arrependa de nada, parceiro. Arrependimentos não valem merda nenhuma MATT in Dangerous Habits, HellBlazer Nº 44, Pág. 96.

Até mais.


DADOS TÉCNICOS.

HÁBITOS PERIGOSOS, no original, DANGEROUS HABITS, fora publicada, na revista HELLBLAZER Nº 41 em 1988 pela DC Comics, seguida de mais cinco edições. Contendo os seguintes capítulos:

O COMEÇO DO FIM
UMA GOTA DO VENENO
AMIGOS INFLUENTES
DO MEU JEITO…
A PICADA.
DESCENDO AO INFERNO.

No Brasil, a Editora ABRIL, publicou a obra em 1995 dividindo, em intervalos com histórias de outros personagens da VERTIGO.abril

A Editora PIXEL MEDIA, publicou no ano de 2008, um encadernado reunindo todos os capítulos.

Habitos perigosos pixel

E em 2014, a Editora PANINI Comics, deu inicio a fase intitulada INFERNAL de GARTH ENNIS, sendo HÁBITOS PERIGOSOS, parte do primeiro volume: INFERNAL VOL. I.

INFERNAL VOL. I contem uma introdução feita por GARTH ENNIS em 1993, falando da concepção da obra, e após as seis partes de HÁBITOS PERIGOSOS contem mais duas histórias:

O PUP ONDE EU NASCI [ARTE DE WILL SIMPSON]

Temos os dias seguintes após CONSTANTINE ter tapeado os demônios, caindo assim em depressão ao ter consciência que para salvar sua própria alma pôs em jogo a humanidade toda. Aqui temos a cena- que marcou para mim– onde JOHN corre pelas ruas e chora em meio à chuva caindo após a morte do seu novo amigo MATT

O AMOR MATA [ARTE DE MIKE HOFFMAN]

O Pub, no qual JOHN e seus parceiros frequentam há muito tempo, é desejado por empresários que contratam um maníaco para pôr fogo no local e assim receberem o dinheiro da seguradora, e aproveitando para demolir o local, já que o dono atual pretende vende-lo a outro empresário mancomunado com ele. A senhora, que cuida do lugar de luto do marido, é incendiada junto. As almas de ambos decidem vingar-se dos causadores de sua morte.

Ambas são histórias bem legais e interessantes.

obs:  Essa resenha fazia parte do meu antigo blog, o qual precisei abandonar, quando a fiz, a vó de minha namorada ainda vivia, infelizmente, no começo do ano ela faleceu, e apesar de toda dor que sofria, sorrindo. Que, D. Georgina, descanse em paz.

PARA LER OUVINDO:

“Fim do conforto, ponto, sim! Novo começo
Poeta não nasce em verso, imerso no novo esporte.
Nunca contei com a sorte e se a morte chamar eu desço.
Rezo, por novos pecados, progresso em nossos trajetos.
Não peço punhos fechados, a cegos de olhos abertos
Não nego vantagem eu vejo, em vira-los pra beira do abismo.
E prego, que visto do avesso, há beleza num exorcismo.
Mas, não elimine meus demônios, os ensine.
Não sei se sou concorrência ou cliente do Constantine
Já nasci, já morri em tantos encontros da caneta com o papel
E eu nem sempre fui pro céu”.
Joe SujeraOlhos Abertos

Infernal vol I- 05


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS: